19 de ago. de 2010

Encerramento das Atividades

Comunicamos que após 2 anos de atividades (2008/2009)o Grupo de Pesquisa encerrou suas atividades. Outros Grupos de Pesquisa seguem na Faculdade Santa Marcelina. Para maiores informações ver http://www.fasm.edu.br

Para maiores informações contate reibat@gmail.com

8 de dez. de 2009

Encontro em 3 de dezembro de 2009.

Presentes: Lucia Loeb, Rosa Esteves, Claudia Tatit, Cassia Gonçalves, Leonor Decourt, Reinaldo Batista e Luise Weiss

1- Cássia informa de sua exposição na Bulgária a ser confirmada.


2- Reinaldo comunica participação do Projeto Circulando em Outras Dimensões em Exposição em Portugal.
http://CirculandoEmOutrasDimensoesLisboa2010.blogspot.com/

3- Apresentação dos trabalhos de Leonor Decourt

Leonor:
Sou arquiteta pela Universidade Braz Cubas de Mogi das Cruzes. Sempre gostei de Artes Plásticas. Fiz um curso de gravura em metal e nunca mais deixei as placas de lado. Há mais de 20 anos trabalho com a gravura, especialmente a gravura em metal.
Comecei fazendo paisagens. Quando morei em Brasília saia para desenhar. Andava com uma cadeira, e ia parando nos locais que me interessavam. Até nas avenidas movimentadas, colocava a cadeira no meio das “ilhas”, e com um caderninho ia desenhando as imagens que via. Passei a fazer gravuras a partir destes desenhos.
Nesta época estava sendo montado o Núcleo de Gravura da UnB (Universidade de Brasília) o qual passei a freqüentar.
Quando voltei a morar em São Paulo, comecei a freqüentar o Atelier de Gravura do Museu Lasar Segall. Nesta época, conheci a Cássia e a Rosa. Continuei desenhando paisagens. Só que agora ia ao Parque Ibirapuera.
Gosto da gravura pela possibilidade da repetição, característica principal da técnica. Mas o meu interesse está na diversidade da repetição. Variação tonal, intensidade de luz, cor, interpretação...
Luise: Estes desenhos você guardou?
Leonor: Guardei e também guardei as gravuras.
Cada vez fui gostando mais da gravura. Meu trabalho passou a se desenvolver em cima de conceitos.
O primeiro conceito foi sobre a repetição da matriz com resultados diferenciados: Múltiplos Singulares.
Fiz uma gravação e extrapolei ao máximo. Começou com uma gravura reproduzida normalmente. A partir de uma matriz gravada, formas diferenciadas foram criadas. Imprimi em papel hanhemülhe, em papel mulbery; Imprimi partes da imagem; colei uma imagem sobre a outra. Da reprodução fiel, bidimensional, até um objeto (tridimensional), vários trabalhos foram criados. Estes trabalhos fizeram parte da exposição de 1999, no Centro Cultural São Paulo.
Imprimi parte da matriz no papel Mulbery, bem fino. Fiz uma estrutura de papel Hahnemüle (papel para gravura alemão). Prendi a gravura nesta estrutura. O papel fino ficava voando.

Foto caminhante.

Fiz uma caixa em acrílico, no qual o tampo era reprodução de uma parte da matriz. Dentro da caixa, uma folha de hanhemülhe reproduzia outro pedaço da matriz. Uma luz sobre a caixa reproduzia a impressão do acrílico sobre o papel. Era a reprodução da reprodução. Esta exposição foi em 1999, período no qual comecei a usar o acrílico.

Foto Os dois lados

Luise: O acrílico era usado como matriz?
Leonor: O acrílico era usado como reprodução da matriz nos trabalhos feitos em 1999. Agora uso o acrílico como matriz.
Formei um grupo no Rio. Fizemos uma exposição, na qual participaram artistas de São Paulo, do Rio, que foi chamada de “JOG – Recriação artística de jogos”.




Cada artista fazia a representação de um jogo com a idéia de fazer da gravura uma representação tridimensional. Tenho uma parte deste trabalho aqui comigo. Eu fiz o “ TANGRAM” e aqui, (aponta para uma determinada parte do trabalho) tem uma dobra. É uma imagem do TANGRAM que tem que ser manipulada. Ela é triangular, são 3 triângulos que se combinam.
O meu trabalho como um todo segue esta linha de raciocínio, como sendo uma parte de um jogo. Uma parte de combinação de uma imagem com outra, formando uma terceira imagem.
Quando eu falei de Brasília e São Paulo, eu desenhava muito a paisagem, enfocando viadutos, estradas, os buracos. Comecei a perceber (2006) que meu assunto era a passagem. Novamente extrapolei o tema: das passagens desenhadas, a passagem maior seria sair do papel pequeno para uma estrutura maior. Do trabalho emoldurado para um sem moldura. Da passagem da matriz para o papel através da prensa, para uma imagem “passada” do acrílico para a parede através da luz. Fazia todo sentido o nome “passagem” .
Eu queria crescer. Aumentar o tamanho da cópia impressa. Minha prensa tem o tamanho de 50 cm x 1 m. Tive então vontade de expandir. Logo em seguida surgiu a oportunidade de fazer uma exposição. Foi então que vi fotos dos trabalhos de Cássia Gonçalves, expostos em 2005 na exposição que se chamou Grafo -esculturas transparentes e havia a também a minha referência do acrílico (1999). Aí eu pensei e fiz o meu trabalho direto no acrílico.
Primeiramente achei que os trabalhos da Cássia tinham sido feitos no poliestireno (plástico grosso).
A minha exposição foi feita em um espaço pequeno, no Rio de Janeiro, em uma região que não é de galerias de arte e nem mesmo tem um aspecto comercial. Considerei a exposição, por todos estes motivos como um “ensaio”, uma prévia para a realização dos trabalhos vindouros.
Fui pesquisar – pensando que os trabalhos da Cássia foram feitos no poliestireno – se havia a possibilidade de emoldurar trabalhos feitos neste material e ao chegar no moldureiro, quando mostrei pessoalmente o material, ele disse que não era possível emoldurar. Estava já com o prazo para a execução dos trabalhos no limite. Foi quando decidi usar o “acrílico”, pois queria a gravura da forma como ela é feita, só que ao invés de usar metal, usei o acrílico, fiz as imagens, entintei, limpei e complementei a exibição destes trabalhos com a projeção da luz. Este trabalho (mostra um protótipo) foi feito em acrílico, aqui está em uma pequena dimensão.
Tinha uma luz projetando as imagens da placa de acrílico na parede. Os trabalhos de chão foram feitos em acrílico com espessura de 8 mm.

Foto da exposição Travessia.

Fiz uma série, a luz projetava as imagens na parede da galeria, de baixo para cima surgindo como resultado a sombra na parede.
Luise: Pergunta se a artista conhece um trabalho que a Salete Mulin fez????????
Leonor: Cartografias??????????
Luise: Era uma série de artistas................, criaram jogos................
Leonor: Eu estava neste grupo, foi o trabalho que citei que se chamou “JOG”. A idéia foi minha, e participaram deste trabalho, artistas tais como: Helena Freddi, Salete Mulin, uma artista da Argentina, duas da Itália e artistas do Rio e São Paulo, sendo ao todo 14 artistas. Cada artista escolheu um jogo para representar. Curiosamente não houve repetição de nenhum jogo. Cada artista fez o projeto de um jogo, tinha as regras pertinentes deste jogo. Fizemos também uma suíte, que resultou em um álbum que fez parte da exposição. Por exemplo, o trabalho do Augusto Sampaio, ele escolheu o jogo das varetas que resultou em trabalhos posteriores.
Faço muito essa parte conceitual. Fiz alguns livros, e tem uma série que quero viabilizar com a serigrafia, chamada “Múltipla Escolha”. São imagens triangulares, compridas que dependendo da dobra ela fica completamente diferente e se transforma em objeto. Então é dar para a gravura além do aspecto bidimensional uma característica tridimensional, ser um objeto. A gravura é o veículo.





Tem aqui também como exemplo do meu trabalho alguns “livrinhos”. Este aqui, Partitura para Metais é uma um conceito traçando um paralelo entre música e gravura. Na gravura, o registro é a matriz. Na música, o registro é a partitura. A partir daí fiz muitas correlações entre elas.




Então eu tenho uma partitura musical que é um registro: pode ser tocada por qualquer pessoa que saiba ler música, por qualquer intérprete. Não importa a época que seja impressa ou tocada. Os registros é que valem. Aí fiz 4 matrizes que se auto combinam.Resultou em um livro e além do livro fiz uma instalação com um papel super fininho.



Foto partitura para metais instalação Washington.

Começa com uma cor clara, como se fosse um “pianíssimo” e as imagens do fundo – para exposição feita na GRAPHIAS/SP – são só 4 notas, como se fossem as notas musicais, não fiz as sete notas porque achei que seriam muitas.
Aí as imagens vão ganhando cor e se modificando. A colocação de um elemento a mais é como na música, você coloca um instrumento a mais, e a diferença dos papéis é como se fosse a diferença dos instrumentos. Você toca uma música no piano e essa mesma música tocada na flauta é uma coisa completamente diferente.
Então muda completamente as imagens. Partitura para Metais foram feitos 10 exemplares, mais as PAs, um para a Helena Freddi (impressora) e uma H.C. (fora de comercialização). Expus também em Washington no Instituto Brasileiro de Arte Contemporânea (BACID).

Luise: Você já mostrou isso para alguma pessoa da área de música?
Leonor: Não.
Luise: Seria uma experiência interessante!
Leonor: Não quis fazer o símbolo da nota especificamente para ficar literal.
Luise: As partituras contemporâneas são completamente diferentes.
Leonor: Só de mudar o lado da colocação da imagem e com uma cor diferente já dá outra leitura. Eu fiz uma versão o ano retrasado parecida com essa para uns livros, para uma Bienal de livro de artista na Lituânia.
O tema era Text. Fiz 3 livros: uma era o “ tipo”, como se fossem letras que se chamava “ Print type”, o nome de letras em inglês é print type, o tipo impresso. O segundo livro Words. É a “combinação” das letras-imagens. O terceiro, foi feito em papel fininho que mudava, virava para cima e para baixo, esse chamava Text.

Fiz também um projeto que gostei muito que eu já tinha começado a fazer em acrílico, e por conta da exposição que fiz na galeria do Rio, recebi um convite para participar de um evento que acontece no mês internacional da mulher chamado ZONA OCULTA, em um espaço que se chama CEDIM.



Fotos ZO zona oculta

Todo ano são chamadas 20-30 mulheres para esta exposição. Escolhi a parte de fora da galeria, um muro bem grande que há no espaço de fora. Fiz 7 placas de acrílico que eu iria colocar com a intenção de projetar a imagem. O muro deste local era bem alto, com 5-6m de altura. Resolvi usar parte deste espaço, o equivalente a 2, 40 m/ 2,50 m.
Fiz 7 pequenas placas pensando que ficando o dia inteiro, à noite teria luz artificial para iluminar as imagens e projetá-las no muro.Eu pensei em mudar a inclinação, cada uma vai ter uma inclinação . Se você olhar na lateral eles faziam um determinado movimento. De frente também tinha um movimento diferente, outra inclinação.
Ao montar a exposição percebemos que a luz do sol batia no trabalho o dia inteiro. Com isso, completou a obra. E a noite tinha projeção da iluminação artificial. Ficou completo. As placas tinham 45 cm x 60 cm. Este material foi ara a Bienal de Gravura Contemporânea de Liége-Bélgica.
Pediram as peças, e no transporte foram quebradas duas. Então para a montagem sugeri que se fizesse o seguinte: como o trabalho se chama “TECLADO”, que eles colocassem duas peças, dessem um espaço correspondente às peças que faltavam e pusesse as três restantes , ficando assim a representação das notas pretas.
Fiz no Rio, uma exposição anterior à da Bélgica, e a dona da galeria deixou que eu fizesse a montagem que tinha pensado, em uma sala foram colocados os trabalhos em acrílico e na outra sala os trabalhos em papel.
Trouxe também alguns livros que fiz, por ex. este que se chama “Rabbit Choice”, que foi para a Bienal da Lituânia.




O tema era o coelho e a casa. Pensei imediatamente no jogo dos parques de diversão, onde o coelho procura uma casa para se esconder. Tem um coelho representado, recortado e impresso que compõe o livro, o coelho é colocado no meio, entre as páginas. Ele é posto em pé, no meio do livro. Fiz uma tiragem de 4 livros deste trabalho, e como achei eu estava gráfico demais fiz uma versão menos gráfica. Esta outra versão. The Blue Rabbit É só o “coelho azul”.



Meus trabalhos são sempre assim, enfocando a série, os livros. As imagens da casa do coelho foram feitas em serigrafia. Para aproveitamento do papel, no qual foi impressa esta série, foi respeitado o tamanho do papel.
Luise : A gravura como livro fica muito interessante.
Leonor: Freqüentei além de ateliês de gravura, curso no Rio, de pintura com a artista Anna Bella Geiger. Mas sempre dirigia meu pensamento para a gravura.
Luise: Com quem você aprendeu gravura?
Leonor: Os principais professores foram o Evandro Carlos Jardim, quando voltei para São Paulo. Cláudio Mubarac. O Atelier de Gravura da UnB também foi muito importante.
Cássia: Quando a Leonor freqüentou o atelier de gravura da UnB, vários artistas de São Paulo foram até lá ministrar workshops, como o Nori Figueiredo, Cláudio Mubarac .
Leonor: lá também esteve um grupo de artistas de Edmonton - Canadá, mas observo que o enfoque deles é maior com a técnica. Os artistas brasileiros têm uma linguagem e poética mais forte.
Luise: os artistas brasileiros, gravadores têm uma tradição muito forte.
Luise: A questão do jogo, do lúdico, continua no seu trabalho?
Leonor: Continua. Tem um aspecto de brincadeira, onde as imagens mesmo não sendo tão gráficas, eu acabo unindo umas com as outras.
Luise: Você mostra a gravura também como objeto.
Leonor:Percebo que no meu percurso faço sempre a mesma coisa. A gente persegue sempre o mesmo objetivo. Os trabalhos feitos no acrílico agora em 2007, já existiam em 1999. O artista usa às vezes o mesmo material que outro artista, por ex. acrílico, que foi o que a Cássia usou na exposição de 2005, mas saem trabalhos completamente diferentes.
Essa abertura que se tem de usar o mesmo material, de aprender com o trabalho do outro é muito importante.
Luise: As encadernações foi você quem fez?
Leonor: Sim, fui eu quem fiz.

23 de nov. de 2009

Exposição: O FUTURO DAS LEMBRANÇAS - Lucia Mindlin Loeb

Galeria Vermelho
R. Minas Gerais, 350
http://www.galeriavermelho.com.br
inauguração: 24/11/09 20hs
de 25/11 a 23/12/2009

29 de out. de 2009

Encontro em 29 de outubro de 2009.

presentes: Cássia, Rosana, Lucia Loeb, Rosa Esteves, Sueli Vital, Leonor Décourt, Luise

1- Próximo encontro: 3 de dezembro com apresentação dos trabalhos de Rosana Lopes, Sueli Vital e Leonor Décourt (convidada).

2- III Simposio Internacional de artes no paço das artes:

CENTRO DE ARTES NO REINO UNIDO:
ACCESS - SPACE (DIRECTOR: JAMES WALLBANK)
UNIT 1, AVEC BUILDING
3 - 7 SIDNEY STREET
SHEFFIELD
S1 4RG (U. K.)

http://access-space.org/

Yacine Ait Kaci
site: www.eletronicshadow.com

Artigo recomendado sobre a PALESTRA da ROSALIND KRAUSS: do dia27/10/2009, caderno 2, com o titulo: ALERTA CONTRA A FRAUDE NOS NOSSOS DIAS http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091027/not_imp456772,0.php

Artigo recomendado:Diálogos possíveis -
Especialistas analisam a atual produção artística do Oriente Médio
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091025/not_imp455902,0.php

LIVROS:
A ARTE CONTEMPORANEA NO ORIENTE MEDIO, PAUL SLOMAN, ED. BLACK DOG
(Contemporary Art in the Middle East: Artworld by Paul Sloman (Hardcover - 23 Jun 2009)

A ARTE PALESTINA - DE 1859 ATÉ OS DIAS ATUAIS, ED. SAQI, KAMAL BOULLATA
(Palestinian Art: 1850-2005 by Kamal Boullata and John Berger (Paperback - 3 Feb 2009)

Apresentações dos trabalhos:

ROSA ESTEVES

A artista apresenta mais uma etapa de sua pesquisa de todo coração, sobre Eunice Peregrina de Caldas – Tia Nicinha, sua tia bisavó.
Foram dispostas sobre a mesa oito fotogravuras, de uma serie de dez, para a apreciação dos componentes do grupo de pesquisa. Ao mesmo tempo foi lido um texto autobiográfico de Eunice, criado pela artista parte fundamental de seu projeto.
Rosa Esteves:
Eu trouxe em outros encontros algumas provas de gravuras, ainda estudos, a minha idéia com estas fotogravuras é construir um retrato de Eunice.
Este projeto envolve vários seguimentos, que desenvolvo ao mesmo tempo, é a tentativa de reconstruir, a partir das poucas referencias que eu possuía, a memória de Eunice. Neste primeiro momento trato da reconstrução, refazer seus passos, seus retratos, e sua fala.
Quando comecei a freqüentar o grupo de estudos com a Luise Weiss, aqui na Faculdade Santa Marcelina, eu já estava trabalhando neste projeto pelo menos a uns quatro anos. No inicio, era somente uma instalação, mas logo percebi que minha dificuldade para finalizá-lo era porque eu desconhecia quem era Eunice. Comecei então a fazer uma pesquisa para saber quem era esta minha tia-bisavó. Fui a vários arquivos públicos, pesquisei entre mais de vinte mil documentos e consegui estabelecer uma cronologia da sua vida. Existem ainda alguns espaços em branco. Ao mesmo tempo o meu trabalho “artistico” foi se desenvolvendo e crescendo, como um corpo orgânico, em várias direções.
Em, 2007, aqui no grupo começou a ficar claro para mim, que esse trabalho de resgate da memória, estava intimamente ligado ao meu outro lado profissional de museóloga. Até este momento, eu já havia levantado e lido um extensa bibliografia sobre o tema que estava pesquisando – a vida de uma educadora que atuou no inicio de século passado, que foi diretora e professora na Rede Publica do Estado, que escreveu vários livros e foi internada, em 1930, no Sanatório do Pinel e faleceu em 1967, internada no Sanatório Bela Vista.
Minha preocupação então era como juntar tudo isso, de um lado a pesquisa primaria, de certo modo acadêmica, e de outro a minha expressão como artista.
Assim começou a se delinear um primeiro texto sobre o registro preciso da memória da minha pesquisa, a intenção era não perder um fragmento sequer do caminho que eu havia percorrido até aquele momento. Uma mescla de diário, que inclui toda a correspondência trocada por e-mail, com as instituições e pesquisadores. Um registro de como foi o meu processo de descoberta de Eunice.
A escrita sempre foi para mim algo que me assustava, primeiro porque eu acha muito difícil e nunca encontrava palavras que pudessem expressar o que eu realmente queria dizer. Era sempre mais fácil me expressar plasticamente. Mas esse diário, virou um desafio, resolvi que seria uma ótima oportunidade para romper com meus tabus.
Então, não sei bem como, mas a idéia de utilizar texto no trabalho evoluiu e agora serão três textos, que se desenvolvem juntos: o diário, um texto biográfico que escrevo como Eunice e um texto inédito escrito por ela.
Neste momento percebi que minha atuação como museóloga não era conflitante com a minha atuação como artista, essa pesquisa reflete isso, ela se encontra no embricamento das duas coisas. É como uma personalidade e toda a complexidade que envolve a construção dela.

Construção de uma idéia
A partir do momento que se tornou claro a utilização dos textos passei a refletir sobre como juntar tudo o que fiz nestes cinco anos. Olhando a obra de algumas artistas, principalmente da Sophie Calle , que encontro uma similitude como meu trabalho, percebo que ele deve ser construído de uma forma muito próxima, apesar de ainda não saber bem o formato final, mas muito provavelmente uma publicação, algo escrito e também sonoro. Foi por isso pedi para que a Cássia lesse o texto enquanto vocês apreciavam as gravuras.
Pedi para minha mãe digitar o texto inédito da tia Nicinha, e também para que lesse o texto biográfico que estou escrevendo, para que fosse a sua voz. Quero utilizar esta gravação na exposição e na publicação, não sei bem direito como será, mas neste momento quero essa estória contada pela minha mãe.

Luise Weiss:
Eu acho que o que aparece é uma biografia, mas é uma biografia que também tem um lado de ficção. Por mais que você queira agora é uma interpretação, mas achei interessante que enquanto a Cássia lia comecei a ver o texto fluindo pelas fotos, como se ele (texto) estivesse passeando por aqui.

Rosa Esteves:
Era isso que eu queria, é a partir do momento que e alguém de fora vê, comenta, que a idéia se formaliza, toma corpo.

Luise Weiss:
Eu tenho o nome de ma artista que vou procurar, ela é norte americana que tem por volta de 80 anos e sua especialidade é biografias. O trabalho que ela faz é com texto e documentação fotográfica, depois ela trabalha com essas imagens e entra objetos,e o texto vai entrando nas obras. A publicação (livro) que vejo que pode nascer dessa pesquisa é um livro assim .

Rosa Esteves:
Eu imagino uma coisa assim, como as informações são muitas e muitas mídias são utilizadas neste trabalho, elas todas tem que ser articuladas e o processo se torna vagaroso.

Hoje minha mãe me liga e disse que estava arrumando coisas antigas do meu avô, pai dela e achou uma carta da “Tia Nicinha”, de 1928, para minha avó (mãe de minha mãe), quando ela nasceu. Na carta tia Nicinha cumprimenta minha avó pelo nascimento de minha mãe. Eu já nem esperava encontrar mais material dela.

O vídeo é outra coisa, outra concepção, pois nesse momento é o som mesmo. Mas o vídeo que eu quero fazer é um outro vídeo, que eu imagino. Porque em um segundo momento tem a construção da imagem, mas tem outro momento onde ela foi internada , em 1930 no Pinel, em São Paulo, e ficou por 37 anos no sanatório.

Rosana Lopes:
Por que ela foi internada?

Rosa Esteves:
Ela tinha 50 anos, estava nos EUA, em um congresso de educação e teve uma crise e se comenta que foi diagnosticada como sendo maníaco-depressiva (hoje seria bipolar), ela veio para o Brasil em uma camisa de força e aqui ela é internada e desaparece do convívio familiar, hoje ninguém sabe quem ela é.

Luise Weiss:
Aponta para um determinada foto para saber se é do fim da vida da “ Tia Nicinha”?

Rosa Esteves:
[a foto apontada] é mais para o final da vida dela. No sanatório que ela ficou internada não achei nada sobre ela e nem no cemitério que ela está enterrada tem a placa com seu nome.
É uma estória complexa, porque ela era irmã do meu bisavô que era o Vital Brazil, ela saiu de circulação pelos “problemas mentais” que apresentava. Ela morreu no sanatório com 87 anos.

Luise Weiss:
Você foi visitar o sanatório?

Rosa Esteves:
O sanatório foi desativado nos anos 80, é uma casa que fica no bairro do Itaim. Ninguém sabe para onde foi exatamente a documentação do sanatório, algumas pessoas que conversei acham que tudo já foi destruído e então essa estória fica com uns buracos e não se tem como comprovar ou saber o que aconteceu.
A minha idéia era de desconstrução dessa imagem, só que primeiro eu tinha que construir e a partir disso é que eu vou trabalhar a memoria dela.










Lucia Loeb
A artista apresentou maquete de exposição a ser inaugurada no dia 24/11/2009 na GALERIA VERMELHO, em São Paulo, capital.
Esta exposição tem o título provisório de:
“Futuro das Lembranças”, constará da exposição: fotos nos tamanhos variados de 1 m x 60 cm, 1m x 1m, tb farão parte fotos plotadas, faltando decidir ainda o tamanho das fotos restantes.
Lúcia L . não disse quantos trabalhos, no total, farão parte da exposição.
O assunto da exposição gera em torno do livro, da fotografia , da luz e das memórias.
A exposição tem texto de Luise Weiss.















Cássia Gonçalves
Séries: Esculturas em Acrílico e Corporalidade: Forma e matéria na natureza
Características por mim buscadas nas esculturas, aqui apresentadas em protótipos:
- Simplicidade e grandeza;
- Atributos físicos e sensoriais, tais como:

- PESO (qualidade de um corpo
pesado, matéria esculpida);
- MARCA ( textura trabalhada)
- DENSIDADE (qualidade do que é denso,
compacto .
relação entre a massa e o
volume de um corpo.
-VOLUME: medida do espaço ocupado por
um sólido.
-MASSA: quantidade de matéria sólida ou
pastosa.

Os trabalhos apresentados para o grupo de estudo são uma continuação dos meus trabalhos com a gravura em metal. Os últimos trabalhos mostrados na exposição em paralelo à defesa da dissertação de mestrado, foi a série: fragmentos de matriz, que já apresentava características tridimensionais, que culminou com os trabalhos agora apresentados nestas séries que são esculturas.
A Série:
ESCULTURAS EM ACRÍLICO é decorrente dos trabalhos que foram desenvolvidos para a dissertação de mestrado, que tem como suporte o acrílico, no qual serão trabalhadas algumas das características acima descritas, tais como: marca, simplicidade, grandeza, densidade, volume e massa. Estas características ora se alternam ou são trabalhadas todas juntas.
Luise Weiss:
Quer saber se trabalhei o acrílico antes, sozinho, somente com as transparência do material, sem entintar?

Cássia Gonçalves:
Como trabalhei durante um tempo grande com a gravura de metal (de estampa- reprodução), a entintagem é fundamental para mim, se não entintar parece que fica faltando alguma coisa.

Leonor Décourt:
Como conheço seu trabalho já há algum tempo - nossa exposição na ITAUGALERIA foi em 1991 - mesmo os trabalhos terem mudado, evoluído para outras formas de apresentação, no uso de materiais diversos, permanecem com a s características intrínsecas ao seu trabalho.

Cássia Gonçalves:
A minha preocupação - apesar de trabalhar no começo da minha carreira com a gravura de estampa - ( com a tiragem ), nunca foi minha preocupação principal a reprodução.

Luise Weiss:
Se referindo à série:
Corporalidade: Forma e matéria na natureza
Sugere a observação e havendo a possibilidade, de estar coletando objetos para serem fotografados e observados mais detidamente, pensando em futuros trabalhos.


Cássia Gonçalves:
SÉRIES:
Corporalidade: Forma e matéria na natureza
Surgiu da observação de elementos da natureza circundante, do meu entorno. Os elementos estão sendo trabalhados não com sua forma literal, como os troncos de árvore fotografados e desenhados ou mesmo as esculturas de plastilina, mas sim a usando a forma como elemento complementar da construção tridimensional.