29 de out. de 2009

Encontro em 29 de outubro de 2009.

presentes: Cássia, Rosana, Lucia Loeb, Rosa Esteves, Sueli Vital, Leonor Décourt, Luise

1- Próximo encontro: 3 de dezembro com apresentação dos trabalhos de Rosana Lopes, Sueli Vital e Leonor Décourt (convidada).

2- III Simposio Internacional de artes no paço das artes:

CENTRO DE ARTES NO REINO UNIDO:
ACCESS - SPACE (DIRECTOR: JAMES WALLBANK)
UNIT 1, AVEC BUILDING
3 - 7 SIDNEY STREET
SHEFFIELD
S1 4RG (U. K.)

http://access-space.org/

Yacine Ait Kaci
site: www.eletronicshadow.com

Artigo recomendado sobre a PALESTRA da ROSALIND KRAUSS: do dia27/10/2009, caderno 2, com o titulo: ALERTA CONTRA A FRAUDE NOS NOSSOS DIAS http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091027/not_imp456772,0.php

Artigo recomendado:Diálogos possíveis -
Especialistas analisam a atual produção artística do Oriente Médio
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20091025/not_imp455902,0.php

LIVROS:
A ARTE CONTEMPORANEA NO ORIENTE MEDIO, PAUL SLOMAN, ED. BLACK DOG
(Contemporary Art in the Middle East: Artworld by Paul Sloman (Hardcover - 23 Jun 2009)

A ARTE PALESTINA - DE 1859 ATÉ OS DIAS ATUAIS, ED. SAQI, KAMAL BOULLATA
(Palestinian Art: 1850-2005 by Kamal Boullata and John Berger (Paperback - 3 Feb 2009)

Apresentações dos trabalhos:

ROSA ESTEVES

A artista apresenta mais uma etapa de sua pesquisa de todo coração, sobre Eunice Peregrina de Caldas – Tia Nicinha, sua tia bisavó.
Foram dispostas sobre a mesa oito fotogravuras, de uma serie de dez, para a apreciação dos componentes do grupo de pesquisa. Ao mesmo tempo foi lido um texto autobiográfico de Eunice, criado pela artista parte fundamental de seu projeto.
Rosa Esteves:
Eu trouxe em outros encontros algumas provas de gravuras, ainda estudos, a minha idéia com estas fotogravuras é construir um retrato de Eunice.
Este projeto envolve vários seguimentos, que desenvolvo ao mesmo tempo, é a tentativa de reconstruir, a partir das poucas referencias que eu possuía, a memória de Eunice. Neste primeiro momento trato da reconstrução, refazer seus passos, seus retratos, e sua fala.
Quando comecei a freqüentar o grupo de estudos com a Luise Weiss, aqui na Faculdade Santa Marcelina, eu já estava trabalhando neste projeto pelo menos a uns quatro anos. No inicio, era somente uma instalação, mas logo percebi que minha dificuldade para finalizá-lo era porque eu desconhecia quem era Eunice. Comecei então a fazer uma pesquisa para saber quem era esta minha tia-bisavó. Fui a vários arquivos públicos, pesquisei entre mais de vinte mil documentos e consegui estabelecer uma cronologia da sua vida. Existem ainda alguns espaços em branco. Ao mesmo tempo o meu trabalho “artistico” foi se desenvolvendo e crescendo, como um corpo orgânico, em várias direções.
Em, 2007, aqui no grupo começou a ficar claro para mim, que esse trabalho de resgate da memória, estava intimamente ligado ao meu outro lado profissional de museóloga. Até este momento, eu já havia levantado e lido um extensa bibliografia sobre o tema que estava pesquisando – a vida de uma educadora que atuou no inicio de século passado, que foi diretora e professora na Rede Publica do Estado, que escreveu vários livros e foi internada, em 1930, no Sanatório do Pinel e faleceu em 1967, internada no Sanatório Bela Vista.
Minha preocupação então era como juntar tudo isso, de um lado a pesquisa primaria, de certo modo acadêmica, e de outro a minha expressão como artista.
Assim começou a se delinear um primeiro texto sobre o registro preciso da memória da minha pesquisa, a intenção era não perder um fragmento sequer do caminho que eu havia percorrido até aquele momento. Uma mescla de diário, que inclui toda a correspondência trocada por e-mail, com as instituições e pesquisadores. Um registro de como foi o meu processo de descoberta de Eunice.
A escrita sempre foi para mim algo que me assustava, primeiro porque eu acha muito difícil e nunca encontrava palavras que pudessem expressar o que eu realmente queria dizer. Era sempre mais fácil me expressar plasticamente. Mas esse diário, virou um desafio, resolvi que seria uma ótima oportunidade para romper com meus tabus.
Então, não sei bem como, mas a idéia de utilizar texto no trabalho evoluiu e agora serão três textos, que se desenvolvem juntos: o diário, um texto biográfico que escrevo como Eunice e um texto inédito escrito por ela.
Neste momento percebi que minha atuação como museóloga não era conflitante com a minha atuação como artista, essa pesquisa reflete isso, ela se encontra no embricamento das duas coisas. É como uma personalidade e toda a complexidade que envolve a construção dela.

Construção de uma idéia
A partir do momento que se tornou claro a utilização dos textos passei a refletir sobre como juntar tudo o que fiz nestes cinco anos. Olhando a obra de algumas artistas, principalmente da Sophie Calle , que encontro uma similitude como meu trabalho, percebo que ele deve ser construído de uma forma muito próxima, apesar de ainda não saber bem o formato final, mas muito provavelmente uma publicação, algo escrito e também sonoro. Foi por isso pedi para que a Cássia lesse o texto enquanto vocês apreciavam as gravuras.
Pedi para minha mãe digitar o texto inédito da tia Nicinha, e também para que lesse o texto biográfico que estou escrevendo, para que fosse a sua voz. Quero utilizar esta gravação na exposição e na publicação, não sei bem direito como será, mas neste momento quero essa estória contada pela minha mãe.

Luise Weiss:
Eu acho que o que aparece é uma biografia, mas é uma biografia que também tem um lado de ficção. Por mais que você queira agora é uma interpretação, mas achei interessante que enquanto a Cássia lia comecei a ver o texto fluindo pelas fotos, como se ele (texto) estivesse passeando por aqui.

Rosa Esteves:
Era isso que eu queria, é a partir do momento que e alguém de fora vê, comenta, que a idéia se formaliza, toma corpo.

Luise Weiss:
Eu tenho o nome de ma artista que vou procurar, ela é norte americana que tem por volta de 80 anos e sua especialidade é biografias. O trabalho que ela faz é com texto e documentação fotográfica, depois ela trabalha com essas imagens e entra objetos,e o texto vai entrando nas obras. A publicação (livro) que vejo que pode nascer dessa pesquisa é um livro assim .

Rosa Esteves:
Eu imagino uma coisa assim, como as informações são muitas e muitas mídias são utilizadas neste trabalho, elas todas tem que ser articuladas e o processo se torna vagaroso.

Hoje minha mãe me liga e disse que estava arrumando coisas antigas do meu avô, pai dela e achou uma carta da “Tia Nicinha”, de 1928, para minha avó (mãe de minha mãe), quando ela nasceu. Na carta tia Nicinha cumprimenta minha avó pelo nascimento de minha mãe. Eu já nem esperava encontrar mais material dela.

O vídeo é outra coisa, outra concepção, pois nesse momento é o som mesmo. Mas o vídeo que eu quero fazer é um outro vídeo, que eu imagino. Porque em um segundo momento tem a construção da imagem, mas tem outro momento onde ela foi internada , em 1930 no Pinel, em São Paulo, e ficou por 37 anos no sanatório.

Rosana Lopes:
Por que ela foi internada?

Rosa Esteves:
Ela tinha 50 anos, estava nos EUA, em um congresso de educação e teve uma crise e se comenta que foi diagnosticada como sendo maníaco-depressiva (hoje seria bipolar), ela veio para o Brasil em uma camisa de força e aqui ela é internada e desaparece do convívio familiar, hoje ninguém sabe quem ela é.

Luise Weiss:
Aponta para um determinada foto para saber se é do fim da vida da “ Tia Nicinha”?

Rosa Esteves:
[a foto apontada] é mais para o final da vida dela. No sanatório que ela ficou internada não achei nada sobre ela e nem no cemitério que ela está enterrada tem a placa com seu nome.
É uma estória complexa, porque ela era irmã do meu bisavô que era o Vital Brazil, ela saiu de circulação pelos “problemas mentais” que apresentava. Ela morreu no sanatório com 87 anos.

Luise Weiss:
Você foi visitar o sanatório?

Rosa Esteves:
O sanatório foi desativado nos anos 80, é uma casa que fica no bairro do Itaim. Ninguém sabe para onde foi exatamente a documentação do sanatório, algumas pessoas que conversei acham que tudo já foi destruído e então essa estória fica com uns buracos e não se tem como comprovar ou saber o que aconteceu.
A minha idéia era de desconstrução dessa imagem, só que primeiro eu tinha que construir e a partir disso é que eu vou trabalhar a memoria dela.










Lucia Loeb
A artista apresentou maquete de exposição a ser inaugurada no dia 24/11/2009 na GALERIA VERMELHO, em São Paulo, capital.
Esta exposição tem o título provisório de:
“Futuro das Lembranças”, constará da exposição: fotos nos tamanhos variados de 1 m x 60 cm, 1m x 1m, tb farão parte fotos plotadas, faltando decidir ainda o tamanho das fotos restantes.
Lúcia L . não disse quantos trabalhos, no total, farão parte da exposição.
O assunto da exposição gera em torno do livro, da fotografia , da luz e das memórias.
A exposição tem texto de Luise Weiss.















Cássia Gonçalves
Séries: Esculturas em Acrílico e Corporalidade: Forma e matéria na natureza
Características por mim buscadas nas esculturas, aqui apresentadas em protótipos:
- Simplicidade e grandeza;
- Atributos físicos e sensoriais, tais como:

- PESO (qualidade de um corpo
pesado, matéria esculpida);
- MARCA ( textura trabalhada)
- DENSIDADE (qualidade do que é denso,
compacto .
relação entre a massa e o
volume de um corpo.
-VOLUME: medida do espaço ocupado por
um sólido.
-MASSA: quantidade de matéria sólida ou
pastosa.

Os trabalhos apresentados para o grupo de estudo são uma continuação dos meus trabalhos com a gravura em metal. Os últimos trabalhos mostrados na exposição em paralelo à defesa da dissertação de mestrado, foi a série: fragmentos de matriz, que já apresentava características tridimensionais, que culminou com os trabalhos agora apresentados nestas séries que são esculturas.
A Série:
ESCULTURAS EM ACRÍLICO é decorrente dos trabalhos que foram desenvolvidos para a dissertação de mestrado, que tem como suporte o acrílico, no qual serão trabalhadas algumas das características acima descritas, tais como: marca, simplicidade, grandeza, densidade, volume e massa. Estas características ora se alternam ou são trabalhadas todas juntas.
Luise Weiss:
Quer saber se trabalhei o acrílico antes, sozinho, somente com as transparência do material, sem entintar?

Cássia Gonçalves:
Como trabalhei durante um tempo grande com a gravura de metal (de estampa- reprodução), a entintagem é fundamental para mim, se não entintar parece que fica faltando alguma coisa.

Leonor Décourt:
Como conheço seu trabalho já há algum tempo - nossa exposição na ITAUGALERIA foi em 1991 - mesmo os trabalhos terem mudado, evoluído para outras formas de apresentação, no uso de materiais diversos, permanecem com a s características intrínsecas ao seu trabalho.

Cássia Gonçalves:
A minha preocupação - apesar de trabalhar no começo da minha carreira com a gravura de estampa - ( com a tiragem ), nunca foi minha preocupação principal a reprodução.

Luise Weiss:
Se referindo à série:
Corporalidade: Forma e matéria na natureza
Sugere a observação e havendo a possibilidade, de estar coletando objetos para serem fotografados e observados mais detidamente, pensando em futuros trabalhos.


Cássia Gonçalves:
SÉRIES:
Corporalidade: Forma e matéria na natureza
Surgiu da observação de elementos da natureza circundante, do meu entorno. Os elementos estão sendo trabalhados não com sua forma literal, como os troncos de árvore fotografados e desenhados ou mesmo as esculturas de plastilina, mas sim a usando a forma como elemento complementar da construção tridimensional.